quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Votar bem, mas sem saber a quem! Como assim?

Ao contrário do que propagam os sábios políticos, saber votar, votar com consciência ou conhecer bem o candidato não é uma solução, por si só, eficiente para eleger candidatos honestos a exercer um cargo eletivo ou mesmo representar satisfatoriamente os eleitores que os elegeram. E mais, mesmo sabendo que o candidato é associado a um partido político, e que sem este não registra nem mesmo a candidatura, a sabedoria popular é firme na idéia de que se vota no candidato e dele deverá cobrar soluções.
Nossa hodierna Constituição Federal, fonte jurídica máxima da formação de nosso Estado, prevê que serão eleitos os candidatos que obtiverem a maioria dos votos válidos. Até aqui tudo bem, pois quem mais voto obtiver, mais chance terá de se eleger. Isso por que numa República democrática, a maioria vence e governa.  
Essa regra, na prática, é que incentiva os candidatos, nas campanhas políticas, a propagar suas propostas a um maior número de eleitores, visando angariar os votos da maioria do colegiado e conseguir a vitória nas urnas.
Contudo, esse sistema é falho, à medida que nem sempre o voto de um eleitor dado a um determinado candidato ao cargo de vereador ou deputado, será em benefício daquele, mas sim pra eleger outro. A conclusão é: vota-se em sicrano e elege-se fulano.
Assim é que um levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap)[1] apontou que apenas 35 dos 513 deputados federais eleitos em 2010 alcançaram individualmente o quociente eleitoral nos seus estados. Ou melhor, apenas 35 deputados foram eleitos com os próprios votos. Essa pesquisa apontou também a deputada federal não eleita mais votada do Brasil.
Conseqüência disso é uma distorção monstruosa, na medida que gera um distanciamento do eleitor com o candidato que conhece, haja vista que votou num e elegeu outro. E, nesse ponto, o eleitor pode argumentar: li tudo sobre meu candidato, dei meu voto a ele, fiz sua propaganda, o ajudei a se eleger, no entanto, meus votos elegeu outro que nem sei se representará nossas idealizações. Dessa forma, o voto é secreto até mesmo para seu titular, o eleitor, vez que não conhece quem elegeu.
Outra conseqüência nefasta desse sistema eleitoral é o valor do voto de cada eleitor e o direito das minorias partidárias. Mas isso é tema dos próximos artigos.


[1] http://www.conjur.com.br/2010-out-25/apenas-35-513-deputados-foram-eleitos-proprios-votos


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